Certamente qualquer utilizador minimamente atento já reparou que uma constante na análise de guerras é a ferramenta do
TWStats, Estatísticas de Guerra. No entanto, analisando este ponto justa e imparcialmente, podemos concluir que as Estatísticas de Guerra não são afinal uma ferramenta tão válida para as análises que se propõe. São úteis, sem dúvida, mas seria um erro apoiar toda uma teoria e uma observação nos números por ela demonstrados.
Por esta altura, certamente vários leitores já estão a questionar a minha sanidade mental já que, desde os “primórdios” do Tribalwars as Estatísticas de Guerra sempre foram objecto essencial para análises e acompanhamento de batalhas. Não vou contestar de forma alguma esse ponto, no entanto quero garantir uma coisa. A fiabilidade destas estatísticas vai depender e muito de quem as publica. Porquê?
Porque essas são facilmente manipuláveis.
Chegámos aqui ao ponto crucial deste artigo e onde pretendo explorar mais alargadamente. Ora certamente que a maioria dos leitores já se deparou com casos de manipulação de estatística, embora seja provável que na altura não tenham reconhecido as acções como tal. Pensando bem,
o simples acto de adicionar uma academia “ilegítima” pode alterar totalmente o panorama de uma guerra. No entanto, este expediente é e tudo indica que permanecerá como um dos menos utilizados. Isto porque será simples para um líder adversário afirmar a ilegitimidade da academia e desmentir a validade das estatísticas.
Entretanto, existe algo que cada vez é mais praticado, não só no BR mas por toda a comunidade do Tribalwars. É portanto, um mal comum:
Falo da dispensa de membros aquando da sua limpeza / conquista. Atenção a um ponto em especial: esta análise não é válida para mundos na fase inicial, pois nesse tempo ainda existe um período de avaliação por parte da tribo, em relação aos seus membros. Podemos definir a validade dos argumentos que vou em seguida apresentar para o momento de transição dos 6 meses de servidor e qualquer altura posterior.
Quando um líder dispensa um dos seus membros, certamente terá uma razão. Nem sempre válida, no entanto penso que ainda não chegamos ao ponto em que um líder acorda mal disposto e resolve dispensar os seus guerreiros. Não, toda a acção provoca uma reacção e o contrário é válido também. Ou seja,
nada acontece sem um motivo, e as dispensas não são excepção.
As dispensas em situação de guerra, no espaço de tempo já acima definido, ocorrem por uma razão e uma razão apenas: Fachada. Assumindo aqui que o jogador está a ser atacado e / ou conquistado. Já é uma constante verificar que várias tribos escolhem caminhos demasiado fáceis, o que é uma faca de dois gumes.
Apesar de possibilitar uma rápida ascensão em diversos pontos da classificação, a escolha do caminho mais fácil impossibilita a aprendizagem que é feita através da experiência de momentos difíceis ultrapassados em conjunto. São poucas as tribos que optam por lutar contra tudo e contra todos, fiéis aos seus princípios e defendendo os seus membros. Essas tribos, normalmente, são as mais bem-sucedidas. É de relembrar que o Tribalwars é um jogo de longevidade, uma maratona, e não um sprint. De pouco servirá uma rápida ascensão se esta não for feita a pensar a longo prazo. E fica aqui um conceito que também se aplica na vida real: Desenvolvimento sustentável. Muitas vezes, o desenvolvimento lento e com alicerces bem definidos compensa bastante mais do que o desenvolvimento a ritmos alucinantes que não promove a estabilidade interna. Um ponto crucial para a boa existência de uma tribo é a existência de princípios e uma imagem com qual os membros se identifiquem.
Mais do que lutar por um nome, nos servidores luta-se por crenças.
Mas para que serviu então esta divagação acerca da faca de dois gumes dos “atalhos”? Tudo isto para chegar ao ponto que permite uma análise delicada, embora interessante, acerca do seguinte.
Será uma boa política, será ético e compensará dispensar os membros a serem conquistados / limpos?
Na minha opinião, não. Isto por vários pontos. Não apenas pelo muito válido “sentimentalismo”, segundo o qual a tribo é o instrumento supremo de protecção de um membro, mas também por questões moralizadoras.
Analisando primeiro a parte ética, que é um assunto deveras delicado. É certamente um ponto complicado. Ao ingressar numa tribo, é assinado como que um contracto não escrito entre o jogador e o líder. Enquanto que o jogador se compromete a ser fiel, a cumprir com os regulamentos e a ajudar a tribo a cumprir os seus objectivos, o líder compromete-se a auxiliar o jogador no seu desenvolvimento pessoal, desenvolvimento este que acabará por ser favorável à tribo. No entanto, é claro que o contracto poderá ser quebrado. Infelizmente, actualmente esse “contracto” é aceite com muita leviandade por parte dos jogadores (generalizando). A partir do momento em que o jogador deixa de cumprir as suas obrigações está sujeito à dispensa. No entanto, a acção que está a ser analisada (a negrito na pergunta acima) significa o não cumprimento do dever do líder, que tem a obrigação de proteger os seus membros conquanto estes assumam o seu papel na tribo. Ora quando tal não é cumprido, além da óbvia falta de carácter do praticante de tal vil acção, obtém-se ainda mais dois pontos negativos/perigosos:
- Possibilidade de uma revolução, liderada pelo membro descontente por ter sido dispensado injustamente.
- Desmoralização dos restantes membros. Um membro, ao ver um colega seu que sempre cumpriu o seu papel, ser corrido pura e simplesmente porque estava a ser atacado, começa a questionar a segurança do seu lugar na tribo. Ele, que também cumpre o seu papel, não estará também em risco de ser dispensado se e quando for atacado?
Outro ponto interessante a analisar neste assunto é a possibilidade de fusões e certos estratagemas para dar um “reset” nas estatísticas.
Sendo que as estatísticas permanecem inalteradas se a tribo mudar de nome, isso não se verifica quando a tribo é dissolvida / absorvida.
Dando um pequeno exemplo: A tribo X está em guerra com a tribo Y. A tribo X tem a academia Z. As estatísticas marcam 100/0 a favor da tribo Y, que fez 30 conquistas à academia e 70 conquistas à tribo X. A tribo X dissolve a academia Z, absorve os melhores jogadores de lá e…
puf! As estatísticas passaram a estar nos 70/0 nessa mesma guerra.
A moralização é um aspecto extremamente importante no bom funcionamento de uma tribo. Todo este texto leva-nos a uma única conclusão: A legitimidade das estatísticas de guerra como principal ferramenta de análise de batalhas está seriamente comprometida pelo carácter das partes envolvidas, sendo que podem ser facilmente manipuladas por quem o quiser fazer. Várias tribos jogam apenas para manter a sua imagem imaculada, alegando
“se ele não se sabe defender, sai”. Errado, se ele não se sabe defender aprende, é apoiado, e é defendido pela bandeira e ideais que representa, porque foi a isso que a tribo se comprometeu, a ensiná-lo e ajudá-lo, a partir do momento em que alguém carrega no botão “convidar para a tribo”.
A análise vai longa e penso que foram abordados os assuntos cruciais do tema, mas em suma concluímos então que o que realmente há nos servidores “idosos” de hoje em dia é uma luta entre carácter e fachada, uma luta entre princípios e dissimulação, uma luta pelos valores agora apresentados no Tribalwars.
Créditos:
Fonte: Jornal Tribal Wars ( http://equipetribalwars.com/jornal/?p=2831 )